terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Crónicas de uma Desempregada: Desempregado quer-se miserável.

Li esta cronica e achei interessante, de alguma forma identifico-me com ela. Ainda não vos disse mas neste momento estou desempregada, ocupo o meu tempo a tratar da casa enquanto espero por um emprego que neste pais é quase uma esperança perdida.

"


Esta manhã lia sobre a incapacidade dos portugueses dizerem bem . E a facilidade com que dizem mal. Falava-se de novos negócios, negócios promovidos por portugueses. Falava-se da falta de apoio. Não gosto (nada) de generalizar mas é verdade. Generalizações à parte (reforço), temos muita tendência para partilhar a desgraça e o mal dizer.  Mas o pior: temos pouca vontade de comemorar o que é bom, passar palavra e apoiar.
Somos também assim na forma como olhamos uns para os outros.
Desempregada e sorridente? Desempregada e feliz? Não! Desempregado quer-se miserável. A chorar, de preferência. Sempre mas sempre a queixar-se da vida. E mal vestida se faz favor (aí safo-me porque gosto de andar quase de pijama na rua).
Se não choro a minha condição é porque respeito quem tem realmente razões para chorar. Respeito as famílias para quem o desemprego significou perder a casa. Respeito quem não sabe como alimentar os filhos ou como comprar medicamentos. Respeito quem conta cada cêntimo para pagar a luz, o gás e a água que em país de pobres têm preço de ricos. Respeito aqueles a quem todas as portas são fechadas. E respeitar é ajudar no que posso e não chorar os meus problemas.
Mas o facto de ser desempregada e não ser pobre não significa que ser desempregada não seja um desafio. Em alguns dias um desafio complicado. Se eu explicar que para aceitar um emprego tenho que encontrar um infantário de acordo com o meu rendimento e que nenhuma IPSS chama o meu filho pequeno. Se eu contar que também deixo muitas coisas para trás quando vou às compras no supermercado. Se eu contar que voltei a depender da minha mãe depois de 15 anos de independência. Assim já sou uma desempregada à séria?
E para os devidos efeitos informo que quando, mesmo desempregada, quando vou ao restaurante, à depilação ou compro uma peça de roupa estou a fazer com que outros não fiquem na minha situação. É pôr a economia a funcionar.
Aqui falo de estratégias para enfrentar os dias em que vivo sem dinheiro certo. E vivo feliz. Porque desempregada e chorosa também já é demais. "

Tirei daqui.

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